Doença de orelha (ouvido) em pet? Leve ao Dermatologista!
Doença de orelha (ouvido) em pet? Leve ao Dermatologista!
Sim, você leu certinho o título! Se teu cão ou gato está apresentando uma condição na orelha, quem você deve procurar é o dermatologista veterinário! Antes de dar continuidade ao artigo, um parêntese aqui, o termo correto é orelha mesmo, pra toda estrutura externa e interna desde a parte cartilaginosa externa até a parte sensorial interna.
Em medicina veterinária, não há a especialidade de otorrinolaringologista e quem cuida das doenças da orelha (principalmente externa e média) é o dermato! E porque isso? Pois toda a pele que recobre a parte interna da orelha, tem as mesmas estruturas de toda a pele que recobre o animal, incluindo pelos e glândulas sebáceas, e muitas manifestações clínicas em orelha, tem como causa de base uma doença dermatológica. Todo processo inflamatório da orelha, é chamado de otite. E como explicado neste artigo AQUI existe inúmeras causas para sua ocorrência. Mas neste artigo irei focar as condições dermatológicas que levam as otites secundárias.
Exemplos: paciente com alergia alimentar, um dos locais mais comumente afetados com muita coceira e vermelhidão é a orelha! Distúrbios de seborréia, de algumas raças como Cocker, Labrador, Golden, a orelha sempre sofrerá as consequências da condição cutânea, com muito acúmulo de cerúmen e odor forte. Doenças cutâneas autoimunes, hormonais, vasculites, sarnas podem ter manifestação otológica. E para que essa orelha possa ser tratada de forma correta, o paciente precisa de uma abordagem sistêmica da causa cutânea, e a especialidade que poderá fazer essa investigação além do óbvio (no caso se a queixa principal for otite) é o dermatológo/dermatologista. Otite, independente da causa, é um quadro muito comum na rotina, mas que infelizmente muitas vezes entra em quadro crônico e/ou recidivante justamente por não ser abordada a causa cutânea generalizada do problema.
É comum um cão alérgico não diagnosticado, chegar com um quadro de otohematoma por exemplo, que ocorreu numa crise aguda de coceira, mas ai não basta a correção cirúrgica deste quadro, pois obrigatoriamente precisa investigar o que levou a ele, e tratar de acordo. Ou um paciente evoluir a otite média e interna, com sinais neurológicos, devido a uma contaminação bacteriana de uma otite externa ceruminosa não tratada adequadamente.
Exame externo e interno (com otoscópio) da orelha, é parte da rotina da avaliação dermatológica em todos os pacientes, pois mesmo que não haja queixa de otite, há muitas alterações que sugerem a nós veterinários, estar havendo um problema que envolve também as orelhas. Seja alteração na cor na pele, na espessura, no cheiro, no tipo e quantidade de secreção/cerúmen, tudo isso indica algum problema que deverá ser investigado.
Após uma avaliação completa dessa orelha e da pele do cão o gato, o veterinário dermatólogo poderá até identificar alterações mais graves, a ponto de precisar indicar tomografias, ou recomendar o neurologista (otite interna pode levar a meningite por exemplo) ou cirurgião (casos muito crônicos, podem precisar de remoção de todo conduto auditivo) para trabalhar em equipe na resolução do caso.
Em resumo, a orelha é um órgão muito complexo, e que há ligação direta com a parte neurológica do cão e do gato, e portanto deve-se sempre buscar o atendimento especializado pra acompanhamento da condição, já que alguns quadros podem inclusive precisar de tratamento para toda a vida!
Maricy Alexandrino - Médica Veterinária
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