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Testes alérgicos, para que servem?

04/10/2023

Teste alérgicos,  pra que servem?

 

Reação alérgica é uma resposta exagerada do organismo a determinado agente, havendo com isso na maioria das vezes, produção de imunoglobulinas específicas contra tal agente. As causas alérgicas mais comuns em cães e gatos envolve:  picada de pulga e  ou ectoparasitas, alimentos e fatores ambientais.

Todos testes alérgicos avaliam o grau de reação alérgica do agente testado. Na veterinária temos basicamente 3 tipos de testes alérgicos:

1. Intradérmico: onde é injetado  extratos ou lisados de substâncias ambientais na camada abaixo da pele. A avaliação é visual  e a conclusão  depende EXCLUSIVAMENTE de quem aplica o teste medindo o tamanho da lesão formada no local (pápula)

2. Sorológico: exame de sangue, onde é dosado ão imunoglobulina específica do agente testado. Avaliação é numérica e padronizada. Qualquer um é capaz de interpretar o exame baseado nos valores de referêcia

3. Teste cutâneo (prick ou patch teste): no qual é aplicado substâncias in natura ou extratos de substâncias superficialmente na pele. avaliação é visual  e a conclusão  depende EXCLUSIVAMENTE de quem aplica o teste medindo o tamanho da lesão formada no local (pápula).

Dito isso, temos o primeiro problema: testes de avaliação visual   pode ocorrer MUITO erro, falso positivo e negativo, pois como depende apenas do avaliador, podemos ter opiniões divergentes mesmo entre os profissionais com ANOS de experiência, como observado no artigo:

Já o teste sorológico não tem risco má interpretação pois é padronizado mundialmente, ou seja se vai de 0 a 1000, e o valor dá 1000 é claramente positivo. PORÉM ele só é válido somente  para substâncias AMBIENTAIS já que alimentos apresentam MUITAS reações cruzadas entre si. Este é  o ÚNICO padronizado e aceito mundialmente, usado como base para publicação  de artigos técnicos bem embasados ( e é o teste de eleição na CliniPet justamente por isso).

Agora vamos ao X da questão, por que eles não servem para diagnóstico?

Para considerarmos o paciente sob suspeita alérgica, ele deve apresentar um histórico clínico e lesões sugestivas do quadro. Tanto a Dape, como a alergia alimentar como a atopia apresentam mesmos quadros clínicos, sendo as duas últimas praticamente iguais o padrão de distribuição das lesões.

O fato do organismo apresentar uma reação positiva num teste alérgico, não quer dizer que aquele indivíduo é REALMENTE alérgico aquela substância. O organismo pode produzir imunoglobulinas específicas para determinadas coisas, mas sem necessariamente nosso organismo MANIFESTAR  a alergia contra aquilo.  E há também casos de pacientes alérgicos com testes negativos.

Por ex. eu posso ter um teste alérgico positivo para carne de cavalo,  e na vida real eu como carne de cavalo e não passo mal. E se falando em alimentos pior ainda, pois existem proteínas diferentes (ex frango e peixe) que ambas podem positivar exames pois são proteínas muito parecidas, mas na vida real a resposta alérgica ser somente a um deles. Aqui começa o primeiro problema com teste alimentar: NUNCA IREMOS CONSIDERAR OS POSITIVOS COMO CERTOS, somente os negativos. Somente o negativo é CERTEZA que o organismo NÃO PRODUZIU anticorpo contra aquilo. Já os positivos... pode ser como pode não ser.

O mesmo pode ocorrer com substâncias ambientais, o organismo ter produzido um tanto de anticorpos, pois foi recém exposto a aquela planta por exemplo, mas não que seja alérgico, foi somente um “registro” no banco de dados imunológico.

Quando então o teste pode ser recomendado (somente cães)?

- alergia alimentar:  ÚNICA EXCLUSIVAMENTE quando o paciente irá fazer triagem alimentar com dieta caseira. Os resultados NEGATIVOS serão os prováveis alimentos que o paciente reage menos ou nada, e estes são os escolhidos para formulação da dieta. Ex: deu positivo pra bovino, suíno e ovo. Negativo para frango, ervilha e batata. Logo os últimos 3 ingredientes são os de sugestão de formulação.

- quando JÁ SE TEM O DIAGNÓSTICO DE DERMATITE ATÓPICA:  e a intenção seja o tratamento com imunoterapia. SÓ e TÃO SOMENTE é essa indicação do teste alérgico na dermatite atópica. Já que o resultado do teste não influencia em absolutamente nada a escolha da terapia tópica e sistêmica, exceto na imunoterapia. Que consiste na identificação do alérgeno específico (polen específico, tipo de ácaro) e com o resultado em mãos o laboratório produz um extrato desse agente em microconcentração, que será administrado diariamente ao paciente, pelo menos por 12 meses, visando a redução das crises alérgicas ou um maior intervalo entre as crises, mas que apresenta taxa de resposta de 50-60%. No caso  de dermatite atópica o teste positivo para determinadas substâncias ambientais ajuda a organizar uma menor exposição a tais agentes, porém isso é possível ser feito também por retirada e reexposição.

Concluindo: DIAGNÓSTICO DE ALERGIA, SEJA ELA QUAL FOR, É ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE CLÍNICO e por exclusão. Não existe NENHUM exame de sangue ou de pele que  conclua  de forma confiável AO QUE o paciente é alérgico. E o teste para substâncias ambientais, serve unicamente para tratamento de imunoterapia alérgeno específica e evitação a tais agentes.

 

 

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