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Seborréia Canina

10/07/2019

Seborréia Canina

 

Queratinização é o processo fisiológico que ocorre na pele onde as células mortas da epiderme são substituídas por novas células. Nos cães normais, este processo acontece cada 22 dias.

A seborréia é uma doença causada por um defeito neste processo de queratinização, onde ocorre uma mudança na espessura dérmica e o processo que era “invisível” a olho nú passa a ser visível pela esfoliação do extrato córneo.  Existem várias causas para a seborréia que podem alterar fases diferentes do processo de troca: proliferação, diferenciação, descamação ou combinação dessas.

O quadro de seborréia pode ser primário, ou seja, sem causa de base e com fator congênito/hereditário envolvido ou secundário, onde existe uma doença de base levando ao problema. As raças comumente afetadas pela seborréia primária são: Basset Hound, Dachshund, Labrador, Cocker Spaniel, Shar Pei, Pastor Alemão entre outras. Já as causas secundárias inclui várias doenças sistêmicas como hipotireoidismo, sindrome cushing, leishmaniose, desequilíbrios nutricionais  e outras doenças de pele como atopia, malasseziose, sarnas e várias outras. Banhos excessivos com determinados produtos, também pode predispor.

Além da classificação de origem da seborréia, ainda podemos classificá-la como:

  1. Seborréia Seca ou disqueratose: caracterizado principalmente pela observação de escamas e caspas no corpo do animal, consequência da  taxa acelerada de troca de pele (antes dos 22 dias) o que leva ao acúmulo de pele morta (caspas), ressecamento da pele e pelagem, que pode tornar-se áspera e quebradiça, podendo haver falhas circulares na pelagem
  2. Seborréia Oleosa ou  untuosidade: comumente se observa o odor forte, pele e pelagem oleosas/engorduradas, causada pela falha na produção do sebo que também faz parte do processo de renovação fisiológica da pele.  Também  é possível  ver pelos sem brilho, além de formação de crostas amareladas bem aderidas a pele podendo haver falhas no pelo.
  3. Seborréia Mista: o animal apresenta tanto alterações da seborréia seca como da oleosa, em maior ou menor intensidade.

Formação  de caspas             

Presença de caspas num quadro de seborréia  seca          Crostas  amareladas num quadro de seborréia oleosa        Crostas aderidas num quadro de seborréia mista 

 

Os sinais clínicos da seborréia variam de acordo com o tipo, como foi citado anteriormente, e de acordo com a doença de base, quando presente. Não é incomum que cães com seborréia apresentem também otite, principalmente no caso da seborréia oleosa. Por alterar a superfície da pele, o cão com seborréia está mais prediposto a infecções de pele e ouvido causadas pelos próprios miocrorganismos que vivem normalmente na pele dos cães saudáveis, como bactérias, levando as piodermites e a Malassezia, levando a malasseziose concomitantes.  Geralmente a seborréia por si só não causa coceira intensa, porém na presença de infecção secundária o cão poderá apresentar.

                                                        

                                                                                                                             Quadros generalizados de seborréia 

 

O diagnóstico da seborréia é basicamente clínico, pela presença dos sinais clínicos, fatores predisponentes (como raça e doença de base) e exclusão de outras possibilidades.  Na presença de infecções secundárias, se faz necessário a citologia.

O tratamento visa reestabelecer este descontrole no processo de troca celular. No caso da seborréia secundária é imprecindível que a causa do problema seja diagnosticada e tratada de modo adequado, uma vez tratado, os sinais de seborréia se resolvem em 30 a 60 dias.

Para seborréia primária  como a origem é genética, não há cura, mas é perfeitamente possível um controle da doença. Que é feito basicamente através do uso de xampús com possibilidade de usar diversos princípios ativos específicos, que podem servir tanto pra hidratar como para remover a oleosidade, de acordo com o caso. A frequência de banho pode variar de 1 a 3 vezes por semana inicialmente e com a evolução positiva, passar para cada 7 a 15 dias de intervalo de acordo com a resposta do paciente. Também existem sprays e pipetas medicamentosas específicas para o tratamento dessa condição.              Mudança na dieta, suplementação com ácidos graxos ou vitamina A pode ser benéfico para alguns casos.

Monitoração da resposta ao tratamento, trocas de princípios ativos e controle das infecções secundárias fazem parte do acompanhamento a longo prazo do paciente seborrêico, mas lembrando que o tratamento da seborréia primária será pra toda a vida!

 

Maricy Alexandrino – Médica Veterinária

 

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