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Piometra

21/06/2016

Piometra

A piometra é uma doença causada pelo acúmulo de pus gerado por infecção bacteriana, dentro do útero de cadelas e gatas. Ocorre geralmente durante o diestro, fase do ciclo ovariano dominada pelo hormônio progesterona. A progesterona é o hormônio feminino que atua para manter a prenhez, e portando todas as cadelas normais estão naturalmente expostas  a concentrações altas de progesterona 9-12 semanas após o estro ("cio"). Tal hormônio mantém o crescimento endometrial e a secreção glandular e ao mesmo tempo suprime a atividade do miométrio, permitindo acúmulo de secreções glandulares uterinas. Essas secreções proporcionam um excelente ambiente para o crescimento bacteriano, causadas por bactérias normais da vagina.

Portanto a piometra resulta da combinação  da fase ovariana (progesterona) do ciclo estral com um endométrio anormal  que permite um crescimento excessivo de bactérias que normalmente não estão presentes no útero.

Uma incidência aumentada de piometra está associada  com a administração de estrógeno para evitar gravidez indesejadas, e por isso seu uso é contraindicado.  A administração de progesterona as gatas também pode desencadear a doença.

Utero e ovários normal (sem infecção) de uma gata 

Pode ocorrer duas formas de piometra:

  • Piometra de cérvix aberta: ocorre corrimento vaginal através da cérvix, que pode ser sanguinolento a mucopurulento (mal cheiroso e com cor de pus), e em geral é observado de 4 a 8 semanas após o término do estro("cio"). 
  • Piometra de cérvix fechada: sem presença corrimento vaginal. Forma mais grave da doença, pois algumas fêmeas afetadas ficam doentes antes dos proprietários perceberam que existe um problema. Por não haver drenagem do conteúdo uterino, pode haver rompimento, com extravasamento de conteúdo pra dentro do abdômen, levando a um quadro de peritonite, com risco de vida.

 

Além do corrimento vaginal, os sinais clínicos clássicos de piometra incluem  perda de apetite de parcial a completa, febre, letargia, perda de peso, aumento de volume abdominal, animal com aspecto descuidado, vômito, diarréia, aumento no consumo de água e quantidade de urina.

O diagnóstico  é feito baseado na história, sinais clínicos e resultados de exames. O resultado do hemograma geralmente é compatível com infecção (aumento de células de defesa) podendo revelar anemia em casos crônicos. Nos exames bioquímicos de função renal e hepática podem indicar envolvimento destes órgãos, principalmente alteração renal causado principalmente pela liberação de toxinas pelas bactérias do útero.  Radiografia e ultrassonografia abdominais também são importantes na confirmação do diagnóstico.

Útero de uma Pinscher com piometra 

O tratamento deve ser imediato e agressivo pois se trata de uma doença potencialmente fatal. Após estabilização da cadela ou gata com fluídos intravenosos e antibióticos, o tratamento definitivo pode ser efetuado. A cirurgia de ovariohisterectomia (remoção de útero e ovários) é o tratamento de escolha, sendo o mais seguro e eficaz, pois remove imediatamente a fonte do problema. A opção de tratamento clínico pode ser cogitado no caso de fêmeas com idade inferior a 6 anos e alto valor reprodutivo,  e que não esteja gravemente doente e que apresentem quadro de piometra aberta. Trata-se de um tratamento caro, feito com uso de drogas injetáveis (que estimulam esvaziando de conteúdo uterino) e acompanhamento estrito do veterinário com auxilio de exames de sangue e ultrassonografia, até alta clínica que pode levar dias.

Útero com piometra e conteúdo pús após remoção cirúrgica

Após a remoção cirúrgica do útero a paciente deverá ser monitorada com relação a função renal, pois não é incomum que fêmeas desenvolvam insuficiência renal permanente pós quadro de infecção.

O método mais seguro de prevenir piometra, é através da castração eletiva, principalmente  no animal jovem. Pois assim o útero ainda não foi exposto a ação hormonal, e a remoção de ovários e útero evitará exposição futura, além de nunca utilizar medicação hormonal para evitar cios e gestação em cadelas e gatas não castradas.

 

Maricy Alexandrino - Médica  Veterinária

 

Este texto é um trabalho original do Autor e é protegido pela Lei de Direitos Autorais. Qualquer uso ou reprodução deste texto depende de prévia e expressa autorização.

 

Referência Bibliográfica

 

ETTINGER, S.J.; FEELDMAN, E.C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.

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