Conheça a pele do seu animal
Conheça a Pele do seu Animal
A pele é o maior órgão do corpo, não em área de superfície mas em quantidade. Funciona como uma barreira que separa e protege o interior do exterior, fornecendo proteção contra lesões físicas, químicas e microbiológicas. Através de seus anexos é possível sentir frio, calor, dor, coceira bem como servir de tato pro animal reconhecer determinadas superfícies.
Este grande órgão, não é algo isolado do resto do corpo, muito pelo contrário a pele trabalha junto com vários órgãos e através dela muitas vezes podemos perceber o que está acontecendo internamente, já que nela pode manifestar-se sintomas de problemas internos, como as doenças hormonais por exemplo. A pele, os pelos e o tecido subcutâneo em um filhote recém-nascido representam 24% de seu peso corporal. Em geral a espessura cutânea diminui do sentido do dorso para o ventre na região do tronco. A pele é mais espessa na face, pescoço dorsal, tórax dorsal, região glútea e base da cauda. Sendo mais fina nos pavilhões auriculares e na região de axila, virilha e perianal. A espessura média da pele do corpo dos gatos é de 0,4 a 2 mm e nos cães de 0,5 a 5 mm.
A pele e a pelagem, variam em quantidade e em qualidade, entre as espécies, entre as raças e entre os indivíduos dentro de uma mesma raça, variam também de uma área pra outra do corpo e de acordo com a idade e sexo do animal. A pele é formada, da superfície ao interior, pela epiderme , os anexos epidérmicos (folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoriparas, unhas e coxins), derme e hipoderme. A epiderme é o envelope externo, flexível e resistente. Esta camada não é vascularizada, e é composta por diversas camadas de células e recoberta por uma membrana superficial, composta de células descamativas, de proteínas e lipídios (sebo e esteróides). A derme é o suporte principal da pele, base conjuntiva sobre a qual se apoia a epiderme. Garante uma proteção passiva frente aos traumatismos externos. Devido a sua vascularização, garante os aportes nutritivos e hormonais, é também na derme que esta situada a função sensorial da pele. A hipoderme é um tecido conjuntivo mais solto, caracterizado pela existência de células adiposas ricamente vascularizadas. A gordura desempenha uma função isolante,e como um meio de estocagem de energia. Esta camada conecta a pele com as estruturas subjacentes do corpo, como músculos e ossos.
Em muitos mamíferos, há uma relação inversa entre a espessura da epiderme e pilosidade. Um exemplo extremo é o carneiro, cuja epiderme tem cerca de 3 células de espessura e cujo estrato córneo é insignificante. Sempre que o pelame é denso e espesso, como no coelho, camundongo, cão e gato o estrato córneo é mínimo. Em muitos animais, tal como o veado, bovino, cavalo e coelhos, ele é tão frágil que não pode ser separado como uma folha. Tendo perdido a maioria dos seus pelos a pele humana, está exposta a muitas influências nocivas ambientais. Assim a epiderme tem se tornado muito espessa, resistente e durável, além disso ela é plástica e flexível
Principais diferentes entre a pele humana e canina |
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Estruturas |
Cães |
Humanos |
pH cutâneo |
7.5 |
5.5 |
Espessura de epiderme |
3-5 camadas |
10-15 camadas |
Renovação de epiderme |
A cada 20 dias |
A cada 28 dias |
Crescimento de pelo |
Por ciclos |
Crescimento contínuo |
Glândula sudorípara (sweat) |
Ausente |
Presente |
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Pêlo
Devido a natureza fibrosa e volumosa, os pelos proporcionam grande proteção contra cortes, abrasões, dano térmico e por irradiação e irritantes químicos. E pelo também é um filtro e isolante. Poucas substâncias, realmente entram em contato com a pele de animais peludos. Os traumatismos físicos são normalmente abrandados antes que atinjam a superfície cutânea. O folículo piloso é uma invaginação da epiderme, que gera o pelo a partir de uma matriz, o bulbo. Nos carnívoros, os folículos são agrupados em três:
Em gatos os pelos secundários são muito mais numerosos que os pelos primários (10:1 dorsalmente 24:1 ventralmente)
Os pelos dos gatos foram divididos em três tipos com base no aspecto macroscópico:
Em geral, a forma da haste do pêlo é determinada pela forma do folículo piloso, com folículos retos produzindo pêlos retos e folículos encaracolados produzindo pelos encaracolados. Quase nunca se formam novos folículos após o nascimento.
A pelagem modifica-se a medida que o mamífero cresce, e a do adulto quase sempre difere de modo acentuado daquela do jovem, refletindo necessidades distintas para regulação térmica, camuflagem, comunicação sexual e social.
O crescimento do pelo é cíclico. Cada ciclo comporta três grandes fases: anágena, catágena e telógena. A fase anágena é a fase de crescimento que gera, aproximadamente 0,3 mm de pelo por dia para os pelos duros. A fase catágena é intermediária antes da fase telógena de repouso. A fase telógena é a de maior duração, principalmente no inverno. O crecimento agrupado na fase anágena é observado em certos períodos do ano: são as mudas sazonais, cujo controle é baseado essencialmente num ciclo dia/noite.
A atividade cíclica dos foliculos pilosos e a muda periódica dos pelos fornecem um mecanismo pelo qual a pelagem pode adptar-se a mudanças sazonais da temperatura ou circunstâncias ambientais O ciclo do pelo, e portanto da pelagem, é controlado pelo fotoperíodo, temperatura ambiente, nutrição, hormônios, estado de saúde, genética e outros fatores. O pelo cresce até que atinja o comprimento pré determinado, que varia de acordo com a região do corpo e é definido geneticamente, então entra na fase de repouso, que pode durar muito tempo. Cada área possui seu próprio crescimento de pelo, além do qual o crescimento não mais continua. Tendo em vista que o pelo é predominantemente proteína, a nutrição possui efeito profundo em sua quantidade e qualidade. A má nutrição pode produzir uma pelagem baça, seca, frágil ou fina, com ou sem distúrbios de pigmentação.
As glândulas sebáceas estão associadas ao folículo piloso. Sua secreção é essencialmente lipídica o que contribui para a formação da pelicula cutânea. As glândulas sebáceas tendem a ser maiores nas áreas onde a densidade dos foliculos pilosos é menor. Elas são maiores e mais numerosas perto das junções mucocutâneas, entre os dedos (interdigital), fasce dorsal do pescoço, queixo e face dorsal da cauda. As glândulas sebáceas não são encontradas nos coxins e plano nasal.
A secreção oleosa (sebo) produzida pelas glândulas sebáceas tende a conservar a pele mole e flexível , formando uma emulsão que se espalha pela superfície do estrato córneo, para manter a umidade, mantendo assim a hidratação adequada. Ao se espalhar pelas hastes dos pelos, lhe confere brilho.
Existem dois tipos de glândulas sudoríparas: as glândulas apócrinas que desenbocam no canal pilar, e as écrinas aderindo diretamente a pele. Nos carnívoros, as glândulas écrinas são limitadas aos coxins (almofadas) plantares. Sua função pode estar ligada a maior aderência dos coxins. As glândulas apócrinas estão distribuidas ao longo de toda a superfície corporal, fabricando um líquido alcalino, rico em proteínas, mas seu débito é mínimo, variando muito pouco em função da temperatura corporal.
Em algumas zonas as glândulas produzem substâncias especiais que desempenham uma grande função na delimitação do território e nas suas relações sociais. Entre elas podemos citar as glândulas perianais (circum-anais), as glândulas do conduto auditivo externo, os sacos anais e a glândula da cauda. No gato encontramos glândulas especiais na face, na região das bochechas
Um curiosidade interessante é que estudos demonstraram através de análise das marcas da superfície do focinho e do nariz, que há diferenças individuais, geneticamente determinadas, semelhante as impressões digitais humanas.
Maricy Alexandrino - Médica Veterinária
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Referências Bibliográficas:
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CARLOTTI, D. C.; HALLIWELL, R.; Didatic Atlas on Canine Dermatosis Virbac, www.virbacderm.com
SCOTT, D.W.; MULLER, W.H.; GRIFFIN, C.E.; Muller & Kirk, Dermatologia de Pequenos Animais, 5º ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996
SWENSON, M.J.; REECE, W.; Dukes, Fisiologia dos Animais Domésticos, 11º ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996.
Enciclopédia do Gato Royal Canin, 1ºed. Paris: Aniwa SA, 2001
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