Obesidade em Cães e Gatos
Obesidade em Cães e Gatos
A obesidade é definida como excesso na quantidade de gordura corporal. Cães e gatos pesando 15% acima do seu peso ideal são classificados como obesos. Estima-se que a obesidade seja a principal doença nutricional que acomete cães e gatos, atingindo 25% a 40% da população destas espécies, sendo os fatores predisponentes tais como: redução no gasto de energia (pouca atividade física), dieta muito palatável com alta densidade calórica (com excesso de gordura por exemplo), comida servida á vontade, alimentação com restos de alimento caseiro e fornecimento de petiscos. Além destes, interferem com o ganho de peso: fatores ambientais, taxa metabólica basal, genética, sexo, doenças de base e castração. O quadro também pode desenvolver-se em consequência de um distúrbio na ingestão de nutrientes e/ou no gasto de energia, além disso, algumas condições metabólicas (patológicas) estão associadas com o aparecimento da obesidade em cães e gatos: hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, alguns tipos de tumores secretores de insulina, hipersomatotropismo.
O estilo de vida sedentário dos animais de estimação e seus proprietários, podem desempenhar um papel no desenvolvimento da obesidade. Demonstrou-se que a inatividade é um fator de risco significativo para a obesidade nos estudos realizados tanto em cães como em gatos. Determinadas raças de cães como Labrador, Cocker Spaniel, Dachshund, Beagle, Collie, Sheepdog, Basset Hound, Golden Retriever e Cairn Terrier tendem a ser obesos, o que sugere um componente genético para a obesidade. Assim como verificou-se que gatos de raça pura, como o Siamês e o Abíssimo, são mais magros que aqueles de raças mistas.
O papel da castração no desenvolvimento da obesidade em cães e gatos ainda permanece indeterminado. Embora a redução no gasto energético, possivelmente como resultado de redução na atividade e alterações no metabolismo basal, induzidas por mudanças nas concentrações dos hormônios sexuais e, sem alteração ou aumento na ingestão de alimento, tenham sido propostas. Nos gatos, tanto machos como fêmeas, a castração não apenas diminui o gasto de energia, como também leva a um aumento no consumo de alimento. Este é o motivo pelo qual o gato castrado tem uma probabilidade 3 vezes maior de se tornarem obesos. Dentro de 48 horas após a castração, os gatos aumentam seu consumo diário de comida (26% nos machos e 18% nas fêmeas). Ao mesmo tempo seu gastos de energia cai em 30%. Assim um gato castrado com uma dieta desajustada recebem uma alimentação que se tornou rica demais para suas necessidades e eles estocam o excesso de calorias na forma de gordura. O ganho de peso é rápido, dentro de dois meses seguintes a castração, os machos armazenam duas vezes mais gordura que as fêmeas. Ao eliminar a secreção dos hormônios sexuais, a castração altera o equilíbrio de um animal que é raramente obeso na natureza.
Segundo relatos, a obesidade é mais comum em cães mais velhos, contudo um estudo verificou que os cães idosos na verdade demonstravam uma redução na condição corpórea. A atividade física e a massa corpórea magra podem diminuir com a idade, resultando em necessidades energéticas mais baixas, de modo que se o consumo de energia não diminuísse apropriadamente, poderia ocorrer um aumento na gordura e no peso corpóreo.
A obesidade é identificada basicamente pela inspeção visual do animal, pela palpação da quantidade de tecido adiposo no tórax, no dorso e na região pélvica e pela pesagem do animal. Um cão normal deve ter suas costelas facilmente palpáveis e o contorno corporal deve ter forma de ampulheta quando visto de cima. É mais difícil avaliar a obesidade em gatos, por causa da diferente distribuição de gordura nesta espécie. Nos gatos pode-se avaliar a circunferência abdominal comparado ao tamanho corpóreo total, bem como palpando os depósitos de gordura na região inguinal (virilha) e pesando o gato. A maioria dos gatos sadios não obesos pesam cerca de 3,5 a 5 kg, com algumas exceções para gatos com estrutura óssea ampla. Em geral, gatos acima de 5,5 Kg são considerados obesos.
O proprietário pode perceber as seguintes alterações no animal obeso:
Existe ainda o sistema de escore corporal para cães e gatos, que vai de 1 a 5, no qual o escore 1 representa um animal extremamente magro, o 3 um animal normal e o 5 um animal obeso.
O animal obeso deve passar por um exame físico completo, além de exames laboratoriais, incluindo hemograma, urinálise, bioquímicos e em alguns casos exames hormonais, para avaliar a possibilidade de causa de base levando a obesidade ou doença concomitante.
Complicações da obesidade
Assim como no ser humano, nos cães e gatos a obesidade predispõe á doenças ou agrava as pré-existentes, como por exemplo:
Outras doenças que podem ser induzidas pela obesidade: hiperlipidemia, lipidose hepática, pancreatite
Tratamento
O tratamento da obesidade inclui modificação na dieta, exercícios e mudança de comportamento por parte do proprietário. Para um programa de emagrecimento bem sucedido é necessário 100% da cooperação e aceitação por parte do proprietário, que desempenha papel essencial no tratamento Todos os membros da família devem ser convencidos de que existe um problema de obesidade no animal de estimação e que precisa ser corrigido.
Antes de iniciar o tratamento da obesidade, é necessário descartar ou confirmar doenças concomitantes que possam estar piorando ou complicando o quadro. Bem como analisar a idade, raça, estilo de vida do animal, tipo de alimento ingerido, frequência de alimentação. Pois a dieta será baseada na idade do animal, presença ou não de doenças de base ou concomitantes e o grau de obesidade. O peso ideal, seria o peso do animal por volta de 1- 3 anos de idade, ou seguindo padrões raciais conhecidos (veja no final do artigo tabela com Peso ideal por Raça) .
É contra indicado diminuir a ingestão calórica simplesmente reduzindo a quantidade diária de ração consumida normalmente Fazendo isso, o animal poderá apresentar deficiências de nutrientes essenciais e não terá sucesso com o emagrecimento. Em um animal que é negado comida (ou que está comendo menos que o ideal), pode-se desenvolver problemas comportamentais como ansiedade (latir em excesso, busca constante por alimentos...), estresse e até agressão. Portanto o alimento para tratamento da obesidade, é adaptado para esta função, suprindo todas as necessidades do animal, em quantidades ideias e ainda assim promovendo emagrecimento. Em geral, tais dietas possuem mais fibras em sua formulação (que levam a saciedade) e menos gorduras.
O emagrecimento de cães e gatos deve ter o acompanhamento constante do veterinário, pois perdas intensas não são indesejadas, podendo levar a consequências graves ao animais, como lipidose hepática nos gatos. Existe uma porcentagem mínima e máxima desejada de perda semanal, caso o emagrecimento esteja fora do esperado, é feita uma adaptação do tratamento. O animal deve ser pesado semanalmente e reavaliado pelo menos mensalmente pelo veterinário, até completar seu esquema de emagrecimento. O tratamento em geral é longo, pois o desejado é uma perda gradual porém constante de peso, de modo a evitar consequências negativas a perda rápida e/ou consequente ganho de peso após o esquema inicial de tratamento. Dieta por períodos tão longos quanto 4 – 6 meses (ou até mais) pode ser necessário. Após atingido o peso ideal estipulado pelo veterinário, o animal então passa para o programa de manutenção do peso ideal.
No caso dos gatos, o ideal é pesá-los uma vez por semana por 2 meses seguintes a castração, e a seguir 1 vez por mês. Um gato obeso possui a probabilidade 4 vezes maior de desenvolver diabetes melitus, 3 vezes mais de apresentar problemas articulares, e 2,3 vezes de morrer entre as idades de 8 a 12 anos Para prevenir o aumento de peso no gato castrado é necessário fornecer alimentos com pouca gordura, pouco carboidrato como o amido, e uma alta proporção de proteína de alto valor biológico contribui para satisfazer o apetite do gato respeitando suas necessidade carnívoras e preservando massa muscular.
Durante o programa de emagrecimento
Dicas de Exercícios para gatos:
Dicas de exercícios para cães (consulte o veterinário antes de qualquer atividade física)
Maricy Alexandrino - Médica Veterinária
Este artigo é trabalho original do autor e é protegido pela lei dos direitos autorais. Qualquer uso ou reprodução deste texto requer prévia e expressa autorização.
Veja a seguir uma tabela com pesos referenciais para algumas raças de cães e gatos. Vale lembrar que os pesos sugeridos são médias observadas, devendo sempre levar em consideração o sexo (machos tendem a ser maiores e mais pesados que as fêmeas) e a linhagem do animal.
Peso ideal Por Raça* |
|
Gatos |
Peso |
Abissínio |
2-4 kg |
Maine Coon |
5-7 kg |
Pelo curto e longo doméstico |
3.5 – 4.5 Kg |
Persa |
4.5 – 5 Kg |
|
|
Raças Miniaturas |
Peso |
Bichon Frisé |
3-6 kg |
Chihuahua |
1-3 kg |
Dachshund Miniatura |
4-5 kg |
Maltês |
2-3 kg |
Pequinês |
3-6 kg |
Poodle Toy |
3-7 kg |
Yorkshire Terrier |
2-3 kg |
|
|
Cães Pequenos |
Peso |
Beagle |
8-14 kg |
Bulldog Francês |
10-13 kg |
Dachshund |
9-12 kg |
Lhasa Apso |
6-7 kg |
Pastor de Shetland |
6-7 kg |
Poodle Miniatura |
12-14 kg |
Pug |
6-8 kg |
Schnauzer Miniatura |
6-7 kg |
Scotish Terrier |
8-11 kg |
Shih Tzu |
5-7 kg |
West Highland |
7-10 kg |
Whippet |
10-13 kg |
|
|
Cães Médios |
|
Basset Hound |
18-27 kg |
Border Collie |
14-20 kg |
Bulldog Inglês |
23-25 kg |
Bull Terrier |
24-30 kg |
Chow Chow |
20-32 kg |
Cocker Spaniel |
13-15 kg |
Collie |
18-30 kg |
Husky Siberiano |
16-27 kg |
Shar Pei |
16-20 kg |
|
|
Raças Grandes |
Peso |
Akita |
34-50 kg |
Bernesse |
40-44 kg |
Boxer |
25-32 kg |
Dálmata |
23-27 kg |
Dobermann |
30-40 kg |
Golden Retriever |
27-36 kg |
Pastor Alemão |
28-43 kg |
Labrador |
25-34 kg |
Rottweiler |
41-50 kg |
Weimaraner |
32-39 kg |
|
|
Raças Gigantes |
Peso |
Dogue Alemão |
45-55 kg |
Mastiff |
80-90 kg |
São Bernardo |
60-90 kg |
Terra Nova |
50-70 kg |
|
|
Referências Bibliográficas:
COLIN, M.; Bem estar e saúde dos gatos castrados. Waltham Focus: 2005
CARCIOFI, A. C.; PRADA, F.; Obesidade em Cães e Gatos. Temas de Veterinária, númeo 8. Nestlé Purina
ETTINGER, S.J.; FEELDMAN, E.C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 1, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.
NELSON, R.W.; COUTO, C.G.; Medicina Interna de Pequenos Animais, 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001
PIBOT, P.; BIOURGE. V.; ELLIOTT, D.; Encyclopedia of Canine Clinical Nutrition, 1º ed. Italia: Aniwa SAS, 2006
Guia Nutricional Hill´s 2008 www.hillspet.com
Livreto Informativo: Controle do Excesso de Peso, Hill´s Prescription Diet. www.hillspet.com
Avenida Carlos Gomes, nª 243
Zona 05, Maringá-Pr
Cep: 87015-200
Telefone: (44) 3225-7209
Atendimento exclusivamente com hora marcada.
* Para seu maior conforto damos prioridade ao atendimento com hora marcada, priorizando o seu tempo, e diminuindo o stress de seu animal pelo pouco tempo em sala de espera (exceto emergências)