Lipidose Hepática Felina
Lipidose Hepática felina
A lipidose hepática ou fígado gorduroso, é uma síndrome comum caracterizada pelo excesso de gordura acumulada no fígado dos gatos. Em animais sadios é mantido um equilíbrio entre a mobilização de lipídio (gordura) para o fígado a partir de fontes alimentares ou outros processos metabólicos, como jejum ou neo-síntese, e a remoção de lipídio do fígado por oxidação mitocondrial ou transporte do fígado para outros tecidos, na forma de lipoproteínas de muito baixa densidade. O uso da gordura pelo organismo é regulada por relações complexas entre a concentração sanguínea de glicose e fatores nutricionais, hormonais e neurais. De forma resumida, ocorre um desequilíbrio entre a chegada e a saída de lipídios dentro dos hepatócitos (células do fígado) devido a vários mecanismos diferentes, gerando o acúmulo de gordura. Os gatos são únicos em sua tendência a desenvolver este distúrbio.
A maioria dos gatos acometidos tem mais de 2 anos de idade, sendo comumente obesos, vivem dentro de casa, e provavelmente tenham sofrido algum evento estressante recente. Gerando uma anorexia completa durando de dias a semanas. Quando um estado patológico adicional é encontrado como a causa da anorexia, a lipidose hepática é definida como "secundária" . O termo lipidose hepática "primária" ou idiopática é usado quando um estado patológico não pode ser identificado, este é o caso de cerca de 50% dos gatos diagnosticados com o distúrbio.
A perda de apetite, que causa a lipidose hepática secundária pode ocorrer por várias razões. As mais comuns são estados patológicos predisponentes, como diabetes melito, pancreatite (inflamação do pâncreas), câncer, doença cardíaca, doença neurológica, peritonite infecciosa (PIF), doença renal crônica e outras doenças do fígado.
Causas de anorexias comportamentais ou relacionadas ao estresse também são comuns: férias dos proprietários, mudança de algum membro da família, novas pessoas ou animais na casa, viagem e mudança na dieta. Infelizmente uma vez que a doença se desenvolve, os gatos sentem-se doentes e podem não recomeçar a comer mesmo que a causa inicial de sua perda de apetite tenha sido eliminada. Sem intervenção clinica rigorosa este círculo vicioso pode levar a morte em mais de 90% dos gatos.
Os sintomas comumente observados com esta síndrome são: anorexia, perda de peso, letargia, vômito, icterícia (coloração amarelada na pele, dentro das orelhas e das gengivas) e ocasionalmente sinais comportamentais ou neurológicos como salivação excessiva, cegueira, semicoma ou coma e convulsões. A suspeita de que o gato está sofrendo de doença hepática é confirmada pelo exame físico e por alterações nos valores de hemograma e bioquímicos de função hepática, como FA e ALT. Radiografia ou ultrassonografia do abdômen, são úteis para demonstrar o tamanho e aparência do fígado, bem como para descartar outras doenças abdominais. O diagnóstico definitivo da lipidose hepática requer visão dos glóbulos de gordura nas células hepáticas obtidas pela biópsia do fígado ou pelo aspirado por agulha fina. Qualquer gato anoréxico, principalmente se for obeso deve ser observado por um veterinário, desta maneira o desenvolvimento da lipidose hepática pode ser percebido em estado precoce ou evitado inteiramente com terapias apropriadas.
O tratamento da lipidose hepática varia dependendo da sua gravidade e da existência de outras doenças, sendo a prevenção extremamente importante. Hospitalização, fluidoterapia e cuidados de suporte podem ser necessários inicialmente quando a doença se desenvolve, além de terapia adicional com antibióticos, vitamina K e o tratamento de doenças concomitantes. A base da terapia, e única maneira de reverter o processo de acúmulo de gordura no fígado, é uma alimentação rigorosa para fornecer ao gato todas suas necessidades calóricas. Oferecer diferentes dietas e medicações que estimulem o apetite pode induzir o gato a comer na fase inicial, mas pode não ser benéfico nos casos onde os sinais clínicos da lipidose tenham se desenvolvido. É preferível sempre tentar manter um comportamento fisiológico no animal, que seria a ingestão oral de alimento, que pode ser feito através de estimulantes de apetite, anti-eméticos e fornecimento de dietas diferentes com cheiros e sabores atrativos ao animal. Porém a alimentação forçada geralmente não é uma boa opção mesmo com o gato mais cooperativo, pois os gatos parecem desenvolver aversão a alimentos rapidamente, e a associação entre o alimento e a experiência desagradável, pode fazer com que o gato demore mais ainda a voltar comer. Por esta razão na fase clínica da doença uma opção segura de tratamento é a alimentação por sonda (nasogástrica, esofágica ou gástrica). O uso de alimentação por sonda a longo prazo modificou o resultado da doença de mais de 90% de mortalidade para menos de 30%.
Gatinha com sonda esofágica
Uma dieta de manutenção comercialmente disponível (dietas terapêuticas específicas, com alta umidade e consistência pastosa a semi-líquida em lata ou sachet) é usada para maioria dos gatos, ela deve ter níveis adequados de proteína (16-19%) com alto valor energético, e deve ser administrados em quantidades adequadas a cada paciente através de cálculos específicos feitos pelo veterinário. A sonda só é removida do animal, quando ele voltar a comer espontaneamente, o que pode levar de semanas. Os valores dos exames de função hepática em geral melhoram dentro de 2 a 8 semanas após o início da alimentação.
Fase de recuperação: incentivar a alimentação oral, mesmo sondada
Retorno a alimentação, melhora dos sinais clínicos
Para se evitar a lipidose é importante:
Maricy Alexandrino – Médica Veterinária
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Referências Bibliográficas
AMORIM, F.V.; Lipidose Hepática, In: Apostila do Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Clínica Médica de Pequenos Animais EQUALIS, Curitiba, 2005
ETTINGER, S.J.; FEELDMAN, E.C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.
NELSON, R.W.; COUTO, C.G.; Medicina Interna de Pequenos Animais, 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001
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