Impactação e Abscedação do Saco Anal
Impactação e Abscedação do Saco Anal
Todos os cães e gatos, possuem 2 estruturas chamadas saco anal. Essa espécie de bolsa fica localizada lateralmente ao ânus (não visível externamente) e dentro dela possui glândulas chamadas de adanais ou glândula do saco anal. Estas glândulas produzem um material oleoso de coloração amarelo-acastanhada extremamente fétido, que tem função basicamente de defesa e identificação social[2]. Elas se comunicam com o meio externo, através de seus canais, pequenas aberturas localizadas na mucosa anal. Sempre que o animal defeca, estas glândulas são esvaziadas [2] pela pressão que a passagem das fezes produz no canal, porém em situações de estresse ou medo principalmente, os cães e gatos podem ou esvaziar estas glândulas no possível agressor.
1. Glândula do saco anal normal 2- Saco anal rompido
Devido a algumas alterações físicas e/ou orgânicas, estas glândulas podem impactar, infeccionar e/ou abscedar:
- impactação: ocorre um endurecimento do conteúdo glandular, de modo que a secreção não é mais eliminada fisiologicamente, causando acúmulo de conteúdo no saco anal, que pode gerar dor e incomodo ao animal. Isso pode acorrer quando ocorre uma alteração na consistência das fezes (diarreia, fezes pastosas) que dificulte a compressão do(s) saco(s), ou pelo processo de envelhecimento que causa uma flacidez da musculatura local.
- infecção: os canais de eliminação da secreção da glândula anal, desembocam na musculatura anal, pode ocorrer contaminação ascendente de fezes ou ambiente, para dentro do saco anal. A levedura Malassezia pachidermatis também pode ser isolada da secreção[2].
- abscedação: ocorre quando há rompimento do saco anal, devido a impactação crônica e/ou formação de abscesso local (infecção).
Sinais Clínicos
Os animais de meia idade a idosos e principalmente de raças pequenas de qualquer idade (Poodle, Pinscher, Chihuahua, Cocker) costumam ser mais acometidos pelas doenças do saco anal. Os sinais clínicos variam de acordo com a causa do problema. Os animais com impactação podem apresentar lambedura frequente da região anal, esfregarem o bumbum no chão ou sentirem dor e incomodo ao defecar, bem como aumento de volume local, que pode ser uni ou bilateral.
Impactação e abscedação de glândula do saco anal, unilateral
Os animais com infecção local podem apresentar além dos sinais anteriormente citados, secreção amarelada a sanguinolenta drenando dos canais externos, principalmente quando manipulados, bem como dor e lambedura excessiva. A lambedura excessiva em ambos casos, podem levar a formação de dermatite piotraumática no local.
Nos cães com abscedação local, que pode ser uni ou bilateral, apresentam trato drenante ou ferida no local (ventrolateral ao saco anal – foto), que pode variar de milímetros a centímetros de diâmetro, com presença de pús, sangue ou crostas. O animal apresenta dor local, lambedura excessiva, e em casos mais sérios, podem apresentar febre, perda de apetite e apatia.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito basicamente através do histórico e sinais clínicos. Ao exame físico o veterinário pode observar a manipulação do local, aumento de volume dos sacos anais, com dor a manipulação/pressão digital. Alteração na consistência, coloração e odor da secreção a drenagem glandular.
O diagnóstico diferencial inclui neoplasia (câncer) do saco anal ou perineal, fístulas perineais, traumatismos (mordedura por ex) e infecção perivulvar (nas cadelas) [1].
Tratamento
O tratamento é variável de acordo com a causa e manifestação clínica. Nos casos de impactação, é necessária a completa drenagem do conteúdo glandular, que é feito através da manipulação do saco anal. Dependo do grau de impactação e consistência da secreção, além da dor a manipulação, pode ser impossível faze-lo com o animal acordado, e nesses quadros é preciso anestesiar o animal [1]. Correção da causa de base (diarreia) e mudança na dieta fazem parte do tratamento. Dieta com maior quantidade de fibras aumenta o bolo fecal melhorando a compressão glandular, o que pode ajudar animais idosos.
Nos casos de infecção também é necessário drenagem do saco anal acometido, associado ao uso de antibióticos sistêmicos. Já nos casos de abscedação, uma limpeza/lavagem local com agentes antissépticos e aplicação de antibióticos tópicos, associado ao uso de antibiótico e anti-inflamatório sistêmico e tratamento local com medicamentos cicatrizantes é de extrema importância, nestes casos também pode ser necessário anestesiar o paciente para melhor limpeza local. A plicação de compressas mornas no local pode ajudar o processo de cicatrização [1]. O uso de colar elizabetano torna-se imprescindível durante a recuperação.
Alguns pacientes apesar do tratamento inicial e cuidados de manutenção, apresentam recidivas frequentes, e nestes casos é indicado o tratamento cirúrgico [2] com remoção bilateral das glândulas do saco anal (saculectomia). Porém a cirurgia só é indicada em casos específicos e irresponsíveis, pois pode predispor o animal a incontinência fecal[1].
Cuidados e Prevenção
É hábito de muitos banhistas/tosadores apertarem as glândulas adnais dos cães e gatos durante os banhos. Isso é totalmente desaconselhado!!! Há técnica correta para manipulação do local, de modo a facilitar a eliminação do conteúdo, e isso só quem deve fazer é o Médico veterinário, quando julgar necessário. Pois sendo um tecido glandular, ele está em constante trabalho produzindo secreção, e de nada adianta drenar frequentemente, pois quanto maior a manipulação, maior será a estimulo glandular para produção. E favorecendo com isso a produção excessiva de conteúdo, podendo gerar impactação seguida de abscedação.
Os animais idosos, e aqueles que já apresentaram problemas nas glândulas do saco anal, devem ser frequentemente inspecionados. O médico veterinário pode orientar o proprietário destes animais, como identificar um aumento do saco anal e consequente necessidade de levá-los a clínica para devido tratamento.
Maricy Alexandrino - Médica Veterinária
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Referências Bibliográficas
1. ETTINGER, S.J.; FEELDMAN, E.C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.
2. SCOTT, D.W.; MULLER, W.H.; GRIFFIN, C.E.; Muller & Kirk, Dermatologia de Pequenos Animais, 5º ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996
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