Medicação sem prescrição
Medicação sem prescrição, diga NÃO!
A ato de prescrever um medicamento, não consiste apenas em escrever uma receita com nome e dose do medicamento. Entende-se por medicamento, qualquer droga (remédio) de uso oral (comprimido, líquido ou cápsulas), injetável ou tópico (pomadas, xampus, cremes, sprays). Para que determinada droga seja prescrita é preciso ter conhecimento sobre anatomia, fisiologia, farmacologia e patologia clínica, visto que uma droga necessita de N fatores pra ter sua ação esperada no organismo. No caso da medicina veterinária isso se torna ainda mais importante, pois envolve várias espécies diferentes, diversas raças, tamanhos e idades de cães e gatos.
Muitas vezes, na angústia de ver seu animal de companhia com comportamento alterado ou apresentando algum sinal clínico específico, o proprietário ou responsável por ele acaba recorrendo a medicamentos “comuns” em casa, na tentativa de ajudar seu cão ou gato de estimação. Mas infelizmente essa atitude envolta em boa intenção, acaba na maioria das vezes somente prejudicando o quadro do animal. Isso porque na medicina veterinária, os medicamentos são prescritos de acordo com o peso exato do animal, idade, espécie (cão ou gato), condição do animal, e algumas vezes até de acordo com a raça. Além disso, algumas medicações, entre elas as humanas, extremamente comuns em quase todos os lares, são contraindicadas para cães e gatos. Ou quando se tem indicação, a dose seguida é individual, e não pode levar por base nem ao menos doses pediátricas humanas.
Analgésicos e antiinflamatórios de uso humano, comuns em casa (por exemplo Cataflan®, AAS®, Tylenol® entre outros) causam sérios consequências se utilizados erroneamente nos cães e gatos.
Já com relação a medicamentos de uso veterinário, usados sem indicação do Médico Veterinário após exame completo do animal, também podem gerar graves consequências. Algumas raças de cães por exemplo são sensíveis a uma determinada medicação veterinária usada comumente no tratamento de sarnas, nestas raças esta medicação pode levar o animal a problemas neurológicos graves. Alguns xampús antipulgas para cães não podem ser usados em gatos, pois são tóxicos. Antibióticos e analgésicos de uso veterinário possuem doses individuais de acordo com o peso exato no animal. Sendo que as doses de bula e frequência de uso muitas vezes pode variar de acordo com a condição clínica do paciente.
Animais jovens, idosos, fêmeas grávidas ou em lactação possuem várias restrições relacionadas a medicações. Algumas medicações usadas em fêmeas prenhes, podem levar a formação de fetos com problemas físicos. Outras medicações passam através do leite e podem afetar uma ninhada inteira no caso de fêmeas lactantes. Idosos e jovens, possuem metabolismo diferente que os adultos.
Além disso, mesmo quando prescrito pelo Médico Veterinário, existem reações individuais medicamentosas, como reações alérgicas (farmacodermia) que são imprevisíveis e inesperadas, e graves o suficiente para levar ao óbito do paciente, mas que tendo acompanhamento veterinário adequado e imediato, é possível reverter o quadro sem maiores danos.
Ou seja, se seu animal estiver apresentando qualquer alteração de comportamento ou sinal clínico (vômito, diarréia, dor, dificuldade de locomoção, problemas dermatológicos etc.) procure o Médico Veterinário. Pois algumas vezes o problema que era “simples” pode se tornar muito complicado devido a medicação sem prescrição. Portanto medicamentos que foram usados em outros situações (mesmo que indicado pelo Veterinário), medicamentos pediátricos de uso humano, “conselhos” de parentes, balconistas de pet-shops ou casas agropecuárias, balconista de farmácia ou qualquer pessoa que não seja um profissional Médico Veterinário capacitado para prescrever um medicamento para seu animal de estimação, não devem ser seguidos!
Maricy Alexandrino - Médica Veterinária
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