Dermatite Atópica Canina
Atopia Canina
A dermatite atópica (dermatite alérgica, dermatite inalante ou atopia) é uma predisposição genética para desenvolver sintomas alérgicos após exposição repetida a alguma substância (como pó, ácaros do pó, grama, pólen) que nos animais não atópicos deixam de criar a doença. Os cães geneticamente predispostos absorvem por via percutânea, inalam e possivelmente ingerem diversos alérgenos que irão causar reação. A maioria dos cães (cerca de 70%) começa a mostrar seus sinais clínicos de atopia entre 1 e 3 anos de idade, mas a idade de início dos sinais pode variar de 4 meses a 7 anos, porém poucos cães iniciam sintomas clínicos após 7 anos. Por causa da natureza hereditária da doença, várias raças são mais comumente atópicas: Shar Pei, West Highland White Terrier, Scotish Terrier, Lhasa Apso, Shih Tzu, Dálmata, Pug, Setter Irlandes e Inglês, Boston Terrier, Golden Retriever, Boxer, Labrador, Schnauzer Miniatura.
Os cães atópicos geralmente esfregam, lambem, mordem ou coçam patas, focinho, orelhas, axila ou virilha, causando perda de pelos, vermelhidão e espessamento da pele. O envolvimento cutâneo generalizado pode estar presente em 40% dos cães, otite externa e conjuntivite atópica podem estar presentes em cerca de 50% dos cães. A maioria dos cães atópicos apresenta descamação média na maior parte das áreas com coceira e apresentam pelagem frequentemente ressecada. Os sinais clínicos podem inicialmente ser sazonais ou não, dependendo do alérgeno envolvido, mas cerca de 80% dos cães atópicos eventualmente apresentam sinais clínicos não-sazonais.
Em alguns casos, várias susbtâncias agressoras podem “juntar-se” para causar coceira ao animal sendo cada substância individualmente não seria suficiente para causar sensação de coceira. Essas substâncias incluem não apenas alérgenos transportados pelo ar (p. ex.: pólen), mas também alérgenos no alimento e alérgenos de parasitas (p.ex.: pulgas). Além de coceira causada por infecções secundárias bacterianas (piodermites e foliculites) ou levedurioformes (malassezia) da pele. As vezes, a eliminação de alguns dos problemas, mas não de todos, pode não levar ao desaparecimento da coceira do cão ou do gato. Por essa razão, é importante tratar quaisquer outros problemas que possam estar causando coceira no animal enquanto se trata a alergia.
O diagnóstico de dermatite atópica nos cães baseia-se na história, sinais clínicos (áreas de coceira), exclusão de diversas outras causas de prurido (hipersensibilidade alimenar, alergia a picada de pulga, sarna sarcóptica, dermatite de contato entre outras) e na sazonalidade inicial do problema cutâneo (embora, muitos cães logo começam a se coçar e esfregar durante o ano todo). O veterinário poderá levar meses para concluir um diagnóstico de atopia.
TESTES ALÉRGICOS
Existe dois tipos de testes alérgicos que podem ser feitos nos animais atópicos:
Devido a baixa especificidade dos testes alérgicos eles não devem ser utilizados para fechar um diagnóstico de atopia. Mas podem ser uteis para determinar quais alérgenos incluir na produção de uma vacina (imunoterapia).
Tratamento
O tratamento geralmente é necessário para toda a vida e modificações terapêuticas ao longo da vida são esperadas. O tratamento pode incluir: evitar a substância, terapia para controlar a coceira (terapia sintomática) ou terapia específica (vacina de dessensibilização) na tentativa de dessensibilizar o animal para as substâncias específicas as quais descobriu-se que ele é alérgico. A eliminação completa da substância alérgica pode não ser prática, mas diminuir a exposição pode ser plausível.
Se seu animal é alérgico a pólen, diminuir a exposição ao ambiente externo, na época de primavera e especialmente ao anoitecer e na alvorada, é útil, além de nunca deixá-lo andar por campos com grama alta ou ervas e não ficar fora quando o gramado for cortado. Se seu animal possuir uma alergia a fungos ou mofo, ele não deve ser mantido em cômodos com níveis altos de umidade (banheiros ou lavanderia) nem ser deixado em áreas com muito pó.
Muitos atópicos também são alérgicos a picada de pulga (DAPP) e a certos alimentos, e portanto precisam de tratamento mais detalhado. O controle do pó ou dos ácaros na casa pode ser uma tarefa principal e consiste em remover carpetes, cobrir colchões, lavar regularmente a cama, usar um aspirador de grande eficácia, evitar brinquedos recheados e o abafamento constante das áreas mais frequentadas pelo cão ou gato.
Na maioria dos casos, uma única droga não confere resultados mais seguros e eficientes, e o veterinário poderá abordar o tratamento do cão atópico com um plano completo de tratamento. Anti-histamínicos e ácidos graxos, quando administrados em combinação, podem diminuir a sensação de coceira em cerca de 10 a 20% dos animais atópicos. Os cães e gatos podem tomar anti-histamínicos e ácidos graxos por toda a vida sem problemas a longo prazo. O único efeito colateral que em geral é observado com os anti-histamínicos é a sonolência, e pode ser necessário testar vários tipos diferentes de anti-histamínicos até que se encontre um que funcione melhor.
Os produtos aplicados a pele (xampús, creme rinse, condicionadores, gel, loções, sprays) com propriedades antipruriginosas (aliviam a coceira) também podem ser benéficos. Esses produtos em geral precisam ser aplicados diariamente (spray, gel, loção) ou semanalmente (xampú, creme rinse e condicionador). Os xampus e enxagues ajudam a remover alérgenos da pele e evitam seu ressecamento, mas para isso deve ser usado uma fórmula hidratante.
É preciso lembrar que a pele dos cães atópicos é sensível e facilmente irritada, por isso é importante que o animal seja banhado em água fria, pois a água morna ou quente aumenta a sensação de coceira. Para os gatos o tratamento através de banhos frequentes pode ser mais difícil, e medicações aplicadas a pelagem geralmente induz a lambedura excessiva do animal que acaba removendo o produto, mas nos gatos que aceitam banho e que os proprietários estejam dispostos, esta prática pode ser benéfica.
Os corticóides também podem ser usados para aliviar a coceira. Entretanto estes fármacos, possuem efeitos colaterais potenciais e são reservados para animais os quais outra terapia não é possível ou é ineficaz ou para controlar a coceira grave por um curto período de tempo. Geralmente dá-se preferência pelo medicamento via oral, mas para alguns gatos atópicos, a via injetável pode ser mais tranquila, visto eles serem um pouco mais tolerantes aos efeitos dos corticóides e as injeções serem aplicadas com intervalos longos, geralmente cada 3 meses ou mais de intervalo. Para os animais que se adaptam com a corticoterapia, é necessário realizar exames de sangue periódicos (hemograma e bioquímicos) para avaliar a presença de efeitos indesejados, como por exemplo alterações no fígado. Já alguns cães podem não responder satisfatoriamente ao uso de corticoides e outras drogas imunossupressoras e imunomoduladoras podem ser prescritas.
Vacinas de dessensibilização podem ser formuladas para o cão ou gato com base nos resultados do teste cutâneo ou sorologia, mas está mais indicada nos casos onde é impossível evitar os alérgenos, os sinais estejam presentes por mais de 4-6 meses do ano e as drogas antipruriginosas sejam instatisfatórias. Essas vacinas geralmente são administradas por toda a vida do animal. Após uma série inicial de injeções, reforços periódicos são necessários. De 60 a 80% dos animais melhoram com essas vacinas. Porém, a dessensibilização leva tempo e pode não ser observada por 3 a 6 meses ou mais. Se os resultados não forem observados em 9 a 12 meses, é necessário reavaliar o uso da vacina.
É contra-indicado a reprodução de animais atópicos, devido ao potencial de transmissão genética, e as fêmeas podem se beneficiar da castração, visto o período de cio se tratar de um estress fisiológico pro organismo, podendo intensificar crises de coceira, assim como a alteração hormonal deste período também pode contribuir pra piora do quadro.
As alergias constituem um problema para toda a vida e tendem a não se resolver. A maior possibilidade de sucesso se dá quando o proprietário está disposto a aguardar o tempo necessário para se chegar a um diagnóstico definitivo, testar quais drogas são eficazes para cada caso e se esforçar em manter uma rotina de tratamento e visitas médicas periódicas. Apenas por tentativa e erro pode ser formulada uma terapia ótima para um paciente atópico. Tempo e paciência são as chaves!
Maricy Alexandrino - Médica Veterinária
Este texto é um trabalho original do Autor e é protegido pela Lei de Direitos Autorais. Qualquer uso ou reprodução deste texto depende de prévia e expressa autorização.
Referências Bibliográficas:
ETTINGER, S.J.; FEELDMAN, E.C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.
SCOTT, D.W.; MULLER, W.H.; GRIFFIN, C.E.; Muller & Kirk, Dermatologia de Pequenos Animais, 5º ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996
* Informativo adaptado a partir do texto: "Séries de Informação ao Cliente" – Dermatite Atópica Canina, Sandra Merchant, Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.
Avenida Carlos Gomes, nª 243
Zona 05, Maringá-Pr
Cep: 87015-200
Telefone: (44) 3225-7209
Atendimento exclusivamente com hora marcada.
* Para seu maior conforto damos prioridade ao atendimento com hora marcada, priorizando o seu tempo, e diminuindo o stress de seu animal pelo pouco tempo em sala de espera (exceto emergências)